A situação dos porto-alegrenses anda complicada. Sem alternativa mesmo. Este post é para ele(a)s.
Se o cara tem carro, além de ficar preso no trânsito em alguns pontos e horários críticos, ele também tem que conviver com o local em que o grau de competitividade das pessoas está mais exacerbado. É quase um risco de vida, ou por tiro de algum maluco que não conseguiu te ultrapassar ou por infarto.
Mas estou fugindo do assunto. O problema é que, se a pessoa não quer passar por isso e/ou não tem grana para ter carro, ela também está com problemas, e ainda piores. Ciclistas estão tendo que forçar um espaço que a cidade não dá para eles. A Prefeitura não tem planejamento cicloviário de longo prazo, e os motoristas, de um modo geral, ainda não aprenderam que quem está em cima da bicicleta é tão cidadão quanto o que está dentro do carro, só que mais indefeso. Não te esqueças daquilo que eu disse: a competitividade multiplica no trânsito.
Sobra, então, o transporte público, que foi justamente o que me levou a escrever agora. Piada, infelizmente. Juro, além de irritada, fico triste cada vez que vou pegar ônibus. Triste por lembrar de como era no passado, de que não tanto tempo atrás Porto Alegre era referência nesse quesito, de que eu tinha orgulho de dizer que o transporte aqui era bom, que a gente não precisava ter carro, porque o ônibus dava conta e sobrava até. Agora, não.
O T5 é o ônibus que eu pego com mais frequência, e também o que eu pegava para ir pra faculdade, de 2005 a 2009, o que me dá certo parâmetro de comparação. Inegavelmente, ele foi piorando com o passar dos tempos e, nas últimas semanas – depois dos seis meses que eu passei fora da cidade, mais os outros em que eu não fazia esse trajeto –, o impacto foi gigante. No dia do temporal, esperei meia hora na parada e fiquei mais meia hora dentro do ônibus para fazer um trajeto que antes era cumprido em dez, no máximo 15 minutos. Mas ok, naquele dia a cidade parou, não vale.
Então, peguemos um dia normal. Não foi um ou dois em que esperei mais de dez minutos em horário de pico. Não fiz o registro de todos, porque, afinal, eu era só uma passageira irritada, que não pensa em documentar ou reclamar, porque sabe que não adianta. Mas quarta-feira passada, dia 21, eu cheguei na parada às 8h30min, bem na hora em que o André Machado dava a hora na Gaúcha, que eu ouvia pelo fone e que me permitiu gravar os detalhes. O T5 chegou às 8h49min. Ou seja, o intervalo entre um ônibus e outro foi de, no mínimo, 19 minutos. Perguntei pra cobradora qual o intervalo médio para o horário. Uns 9 minutos, achava. Fui conferir: é de 7. Oito minutos é o tempo máximo de espera para o horário, segundo o site da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
Dois dias depois, me chegou a notícia de que a Prefeitura estava comprando 27 novos ônibus para a frota de Porto Alegre. Passada a alegria inicial, murchei. Oito deles vão ser articulados – qualquer um que já pegou um minhocão sabe o quanto eles são desconfortáveis – e só 17 têm ar condicionado. Faz anos, desde quando ainda era governada pelo PT, que a Prefeitura diz que logo logo a frota inteira vai contar com o que, em Porto Alegre, não é comodidade, mas necessidade no verão. E foi num daqueles dias insuportavelmente quentes que peguei um (dos vários que pegaria depois) T2 sem ar condicionado, quase passei mal e, no meio do caminho, passei por um grupo de passageiros que esperavam no sol pela reposição do T4 que quebrara na Terceira Perimetral.
Corrigir esse problemão agora não é fácil. Seria bem mais tranquilo ter investido para manter o alto padrão que tínhamos, mas agora já era.
Quer dizer, o transporte público não só não melhorou como piorou. Mas, mesmo assim, soube encarecer. O que me lembra, aliás, que não falei sobre as lotações. E nem vou falar, simplesmente porque nunca mais peguei uma e não sei se estão cumprindo seus horários, se o conforto está ok e tudo o mais. Não importa tanto, afinal, estão impagáveis nos seus quatro reais.